Conversando com Nuno Perestrelo

 Entrevista a um jornalista 


No passado dia 26 de outubro, através do Clube do Jornal, a Escola Luís Madureira recebeu de braços abertos o jornalista Nuno Perestrelo, pai de dois dos nossos alunos.

               Nuno Perestrelo começou por explicar que trabalhou cerca de 30 anos na área do jornalismo, sendo que a sua saída teve como causa “passar mais tempo com a sua família”, tempo esse que era praticamente inexistente devido à azáfama da profissão.

No último ano e meio, tem-se dedicado à área da comunicação, o que considera que não é assim tão distante da sua antiga profissão, mas sim  “outra versão do jornalismo”. Agora consegue fazer o que adora e ainda passar tempo de qualidade com a sua família.

Apesar de adorar a área do jornalismo, confidenciou-nos que “não soube sempre que queria ser jornalista. Quando era pequeno queria ser veterinário, ao longo do tempo fui crescendo, e quando cheguei aos 17 anos queria ser advogado. O tempo foi passando e do nada, um dia acordei a pensar que queria ser jornalista e assim foi.”

Sobre o seu primeiro trabalho, recorda que “tinham-me perguntado se eu conhecia e acompanhava o Belenenses, e eu disse que sim, apesar de só saber informações por alto. Em seguida pediram-me para ir a uma reunião da direção do clube, e para minha surpresa, nessa mesma reunião saíram 4 pessoas que tinham acabado de demitir. E eu  iniciei o meu trabalho perguntando  o porquê?. Foi assim que nasceu o meu primeiro trabalho. Posso dizer que tive a sorte de estar no sítio certo à hora certa.”

Como jornalista desportivo teve oportunidade de contactar com as mais diversas personalidades do mundo do desporto, sendo que uma das entrevistas que mais gostou de fazer foi “uma entrevista com o Cristiano Ronaldo, quando este tinha 18 anos. Nessa altura o Cristiano jogava no Manchester United. Depois de um jogo fomos para casa dele (uns jornalistas incluindo eu e uns fotógrafos). Nessa entrevista à uma frase que me marcou e sei-a desde então. Perguntei-lhe como se via no futuro, e ele não disse eu vou ser o melhor do mundo, nem nada assim do género, ele disse-me “eu trabalho para ser o melho do mundo”. Desde então eu digo às pessoas, não sejas o melhor numa certa coisa, trabalha para seres o melhor.”

Apesar de reconhecer que “existem sempre trabalhos mais aborrecidos que outros” afirma que “felizmente não me lembro de nenhum que não tenha gostado.”

Nuno Perestrelo afirma que “o jornalismo é saber a verdade e nada mais que a verdade, o que é fundamental no mundo. É a liberdade de expressão, porque se não questionarmos o porquê, como fazem os jornalistas, tudo irá parecer uma ditadura, onde não se pode questionar nada.” Perante isto, a palavra que escolheria para definir esta profissão seria “ouvir, pois ser jornalista baseia-se em ouvir os factos, isto é os dois lado da história, dar a mesma voz aos dois interveninetes. Se não ouvires, não tens relatos do acontencimento ocorrido.” E o que diria a quem quer seguir uma carreira no mundo do jornalismo? “Diria que ser jornalista é saber dizer mais do que o evidente, é perguntar-se o porquê, porquê disto, porquê daquilo, o que há de especial, é perceber o que é noticia ou não.” Daí que o essencial para se seguir esta área seja “uma boa preparação. É verdade que nem sempre é possível, pois estás com um microfone e com uma pessoa à tua fente, num momento não planeado. Mas é possível muitas vezes! Sem uma boa preparação  existe possibilidade de não preguntares tudo e ir alguém que o fará com o máximo de informações possíveis. No final, tu e o teu jornal ficam a perder.”

Foi uma sessão de partilhas e aprendizagem sobre o mundo do jornalismo, em que pudemos perceber que o jornalista é um contador de histórias, numa busca de respostas aos constantes “Porquês?”.



Autora: Sara Gomes 

 

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